domingo, 20 de setembro de 2009

Memórias do Ofício da Lã

Em Setembro de 2008 tive oportunidade de visitar, na vila de Loriga, uma fábrica de lanifícios que deixou de produzir em finais do século passado. O objectivo era fotografar o estado de abandono ou deterioração das máquinas, bem como a disposição dos teares e alguns dos seus elementos que os caracterizam.

São algumas das imagens registadas que partilho a partir de hoje e até ao final de Setembro, as quais apresento a preto e branco porque traduzem melhor o momento da agonia desta actividade industrial, a nostalgia por um passado recente e a homenagem por aqueles que neste ofício ocuparam grande parte da sua vida.

Deixo um agradecimento ao Sr. António Conde que, pela sua disponibilidade, tornou possível esta reportagem fotográfica ao abrir-nos as portas para visitar um “museu vivo” da arte de trabalhar a lã.



Deixou-me impressionado aquilo que observei e registei: fios e peças de lã em posição e alinhamento tais que deixavam a sensação de que, uns momentos antes, tinha ocorrido uma falha de energia e os teares apenas se encontravam momentaneamente parados.

Mera sensação! A nua e pura realidade é que já há alguns anos que os teares se encontram adormecidos, desde o momento que a produção deixou de ser competitiva face à oferta e do surgimento de novos concorrentes estrangeiros que a globalização mal concebida veio promover. Aparecia então uma nova vaga de desemprego que incidiu sobre os operários da indústria textil e de lanifícios.

Findou o fervilhar da actividade produtiva da lã e as peças, máquinas e ferramentas ficaram inesperadamente moribundas. Restam-nos as memórias do ofício da lã...


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